Biotech prevê sequenciar o genoma de 200 mil brasileiros

A gen-t, biotech criada pela renomada cientista brasileira Lygia da Veiga Pereira, alcançou o montante de R$ 16 milhões em investimentos (US$ 3,3 milhões), com uma extensão do pré-seed inicial.

A empresa está construindo uma plataforma pioneira que une dados genômicos e de saúde de forma otimizada, com vistas a incluir a população brasileira em medicina de precisão e assim fomentar pesquisa e inovação na indústria farmacêutica e biotecnológica a partir da nossa diversidade genômica. 

Nesta segunda etapa de captação, a gen-t recebeu o apoio de investidores que já haviam apostado na startup, como o fundador da Gávea Investimentos e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e também recebeu aporte de novos investidores estratégicos, como a Eurofarma.

A Eurofarma, por meio do fundo Eurofarma Ventures, é a primeira farmacêutica brasileira a investir na gen-t. Fora do país, a farmacêutica norte-americana Roivant Sciences também investe na biotech.

O novo aporte será destinado à expansão do Projeto gen-t do Brasil, que prevê sequenciar o genoma de 200 mil brasileiros de diferentes regiões do país até o fim de 2026. Esses voluntários compartilharão com a gen-t seus dados de saúde e comportamentais, e doarão sangue para armazenamento de plasma e sequenciamento de DNA. 

“A proposta da gen-t é ser uma parceira estratégica da indústria farmacêutica e de biotecnologia, promovendo a inclusão e diversidade no desenvolvimento de inovações em saúde por meio da diversidade genética brasileira”, resume Lygia. “Queremos abrir um novo horizonte de descobertas em genética.”

Lygia da Veiga Pereira é doutora em genética humana pelo Mount Sinai Graduate School, em Nova York, e professora titular de genética humana na USP. Em sua equipe, conta com outros consultores geneticistas renomados, como Tábita Hünemeier, doutora em genética de populações, e Alexandre Pereira, médico cardiologista.

Cenário dos dados genômicos

Atualmente, os bancos de dados genômicos existentes não representam a população mundial. Do total de genomas sequenciados no mundo todo, 80% são europeus, 10% são asiáticos, 7% não-identificados, 2% são africanos e apenas 1% é hispânico ou latino americano. Essa falta de diversidade leva à desigualdade nos avanços médicos e à perda de oportunidades em pesquisa e inovação na área da saúde. 

A plataforma gen-t será o maior banco de dados de variantes genéticas numa população da América Latina, abordando essa desigualdade e falta de diversidade nos bancos genômicos globais e abrindo caminho para a pesquisa genética mais inclusiva. Além disso, o banco terá impacto internacional por se tratar da primeira população humana altamente miscigenada e ao mesmo tempo negligenciada nos grandes estudos genômicos atuais a ser sequenciada.

Investidores

Além das farmacêuticas Eurofarma e Roivant Sciences e do empresário Armínio Fraga, gen-t também tem como investidores Eduardo Mufarej, fundador da GK Ventures, e o norte-americano Daniel Gold.